Sérgio Rocha e António Fróis aceitaram o desafio do 16x16 e colocam em evidência as razões que os levaram a avançar com um livro que as editoras tradicionais não quiseram publicar. A obra, concluída no passado ano, já está disponível mercê do apoio do PDX do Barreiro.
Fazia falta uma obra com estas características? Porquê?Na minha opinião faz falta qualquer obra escrita em português, dado que existe uma lacuna enorme nesta área. Após a publicação do «Xadrez Mágico» e do «Xeque Mate», pensei em dar o passo seguinte e facultar à comunidade xadrezística - ou a qualquer curioso da modalidade - mais uma publicação onde fosse possível transmitir mais alguns conhecimentos de xadrez, daí esta parceria com o Fróis.De referir que esta obra está pronta desde Fevereiro de 2007, mas dadas todas as recusas em publicar das editoras tradicionais só agora foi possível publicá-la numa edição própria com o apoio do PDX do Barreiro.Durante este mês de Outubro conto ainda publicar a minha obra mais recente que são os «Cadernos de Xadrez», onde o primeiro número será dedicado aos finais de peões.
O xadrezista português pratica a modalidade com pouca técnica e estratégia?A grande parte dos xadrezistas nacionais praticam a modalidade por paixão, mas efectivamente com grandes lacunas técnicas e estratégicas principalmente ao nível dos finais de jogo.
O estudo do xadrez com auxílio a computadores e à Internet coloca hoje em dia para segundo plano a leitura de livros especializados?Efectivamente a facilidade da prática da modalidade através dos computadores e da Internet está a levar para segundo plano os livros, mas na minha opinião isso é um mal social, não só do xadrez. É muito fácil constatarmos que as novas gerações de miúdos são gerações preguiçosas, onde em regra geral tem tudo facilitado e o xadrez requer muito trabalho de investigação e aprofundamento. Obviamente que em termos de aprendizagem de qualquer matéria ou disciplina a utilização dos livros é indispensável e no xadrez isso é evidente dado que se um jogador manusear um livro e observar as partidas simultaneamente num tabuleiro ele está a usar vários dos sentidos e é sabido cientificamente que isso melhora a qualidade da aprendizagem.
«Técnicas e Estratégias de Xadrez» é um livro destinado a que tipo de jogadores?É um livro para jogadores que acabaram de aprender a movimentar as peças e necessitam de começar a aprender algumas técnicas para não se tornarem apenas «jogadores de café». Pretendemos indicar o caminho e as prioridades na velha pergunta «o que se deve estudar primeiro» , ou «como se estuda xadrez» .Em Portugal - como disse o mestre internacional Fernando Silva há muito tempo - abunda o talento, mas falta escola.É curioso constatar que António Antunes, o português que chegou mais longe no xadrez até hoje, não era um jogador muito talentoso, mas sempre foi um exemplo de trabalho e persistência, aliás como o nosso luso-canadiano Kevin Spraggett, outro grande profissional de xadrez.
Temos de tentar tornar o nosso xadrez português mais sério e científico.Os cursos de treinador de «grau 1» que vão ser feitos em Dezembro próximo são outro passo no mesmo sentido.
Fazia falta uma obra com estas características? Porquê?Penso que escasseiam as obras em língua portuguesa e escasseiam ainda mais as obras de autores portugueses, daí o nosso atrevimento.Por outro lado, ao viajar pelo país ao longo destes 32 anos de xadrez e 24 de profissional muita gente me perguntava para quando um livro.Devo agradecer ao Sérgio a iniciativa. Foi ele que me incentivou a escrever.Este é um país muito estranho. Terminamos o livro em Fevereiro de 2007 e só agora conseguimos que o publicassem.
O xadrezista português pratica a modalidade com pouca técnica e estratégia?Em Portugal ensinou-se muito a movimentar as peças, mas ficou-se por aí.É preciso formar treinadores e ensinar xadrez: ensinar a ensinar, e ensinar técnicas.Tudo em xadrez se pode aprender como na escola, ou seja por temas e matérias.Este livro pretende ser uma pequena achega, mas Portugal tem um grande atraso nessa matéria.
O estudo do xadrez com auxílio a computadores e à Internet coloca hoje em dia para segundo plano a leitura de livros especializados?A resposta é fácil.Na aprendizagem de qualquer tema quanto mais sentidos do corpo humano utilizamos, mais e melhor interiorizamos desse mesmo tema.Isto está cientificamente comprovado.Assim sendo, se um jovem passar uma partida no computador, a sua interacção com a matéria será muito menor do que esse mesmo jovem colocar as peças e vir a mesma partida com um livro. Logo aprenderá mais vendo a partida no livro do que a vendo no computador. A sua interacção ainda será maior se se der ao trabalho de escrever sobre a partida que acabou de ver e se discutir essa mesma partida com outros jovens ou com o seu treinador.Por isso, quem quiser ver as coisas à pressa no computador terá seguramente resultados inferiores a quem continuar a ler os livros e a trabalhar sobre eles.
Texto: Fernando Pinho
Foto: D.R.
Data: 2008-10-10
3 comentários:
Parabens pelo blog
Abraço
Paulo Costa
Boa. Já te faltava um :) Pelo menos já dá para te ir acompanhando por aqui... Parabéns! Agora só faltam outras línguas :)
Olá Frois!
O blog que faltava! continua!
Um abraço
Cavadas
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