2008/12/22

Ideias Para uma Formação...


Como se avalia que um jogador X tem força de jogo 1500,2000,ou 2500?

Como se pode trabalhar um jogador de uma dada força Y, suponhamos 1800, para que ele suba para 2000?

É preciso ter a noção de que qualquer trabalho em Xadrez é um trabalho de Maratonista.
Não se muda o “conceito” que um jogador tem do jogo suponhamos de 1800, para 2000, de um dia para o outro.
O xadrez é um jogo riquíssimo e para se entender todas as fases do jogo é necessário trabalhar especificamente em cada uma delas.
Assim sendo, o que poderemos falar em 6 horas, será, primeiro que tudo, daquilo que pode e deve um dado jogador trabalhar para tentar progredir no seu “ conceito/força de jogo” ao nível das várias fases do jogo.

Ou seja:

- Quais as prioridades no trabalho? Só se sabe isso em cada casa depois de fazer o “diagnóstico técnico “ desse mesmo caso.

- Como trabalhar finais e que finais têm prioridade e porquê.

- Como trabalhar aberturas e como fazer um repertório de aberturas de um jogador.

- Como melhorar Tacticamente e que tipo de exercícios se podem fazer nesse sentido.

- Como aprender a Estratégia e todo a vastidão de sub conceitos que este riquíssimo capítulo engloba.

- Como melhorar o “ Cálculo de variantes “ e técnicas para trabalhar esta parte em cada jogador.

- A importância das partes físicas e emocionais na competição em xadrez.

Penso que poderemos tocar um pouco todos estes elementos.

2008/12/18

Aberturas


As aberturas dividem-se em 5 capítulos:

Aberturas Abertas – Aquelas aberturas em que as brancas que começam com 1.e4, e as pretas respondem 1.., e5 e todas as aberturas e defesas dentro deste capítulo.

Aberturas Semi-Abertas – Aquelas que as brancas começam com 1-e4, e as pretas respondem com 1. .., Diferente de e5

Aberturas Fechadas – Aquelas em que as brancas começam com 1. d4, e as pretas respondem 1.., d5

Aberturas Semi-Fechadas – Aquelas que as brancas começam com 1. d4, e as pretas respondem diferente de 1.. , d5

Aberturas Irregulares – Todas as que começam com jogadas diferentes de 1. e4 ou 1. d4.

Estes são os 5 capítulos da teoria moderna das aberturas.
Para os jogadores que estão no início, o mais importante é ter os conceitos de abertura bem interiorizados e não decorar lances sem os entender.



Princípios Gerais das Aberturas

Desenvolvimento – É muito importante desde o início perceber porque é que é importante desenvolver as peças.
É fácil: na posição inicial temos 16 peças mas 6 delas não podem jogar – as duas torres, os dois bispos, a dama e o rei não podem fazer nada na posição inicial.
É óbvio que para termos sucesso no jogo convém utilizar o máximo de peças e também nos interessa que essas peças trabalhem em equipa.
Portanto desde a primeira jogada que uma das nossas prioridades deve ser pôr o máximo de peças em acção e que essa acção seja o mais possível coordenada entre essa peças.

Ocupação do centro – Porque é tão importante o centro no xadrez?
Porque o xadrez é um jogo de estratégia e um exercício muito fácil demonstra que as peças quase todas (tirando a torre que controla sempre 14 casas a partir de qualquer das 64 casas do tabuleiro) controlam mais casas a partir do centro do tabuleiro.
Como tal devemos ocupar esses postos centrais a partir dos quais as nossas peças terão maior raio de acção.

Segurança do nosso rei – Se o objectivo do jogo é dar xeque mate ao rei e é no centro que as peças têm mais “ poder de fogo “, é evidente que no início do jogo não nos convém ter o rei no centro do tabuleiro. Assim sendo, fazer o roque rapidamente é em 95% dos casos uma prioridade desde muito cedo numa correcta estratégia de abertura.
Isto é ainda mais importante nas aberturas abertas e semi – abertas porque o contacto de peças é mais rápido e logo a segurança dos dois reis, (sobretudo do rei das pretas porque as brancas podem começar a atacar primeiro) pode ficar em perigo mais cedo.
Estes são os 3 princípios que consideramos essenciais que um jovem iniciado deve interiorizar desde muito cedo sobre como deve “pensar “ quando tem uma posição que não conhece na abertura.

Um xadrezista “tem de ser ensinado a pensar “. Ou seja quando não conhece a posição deve utilizar os conceitos para “chegar aos lances “.


2008/12/15

Conferência sobre o tema "Estratégia no Xadrez"


Conferência sobre o tema "Estratégia no Xadrez", na sala de estar do Colégio Universitário Montes Claros. O Orador será O Treinador da FIDE e Mestre Internacional António Fróis, eleito Treinador do Ano de 2008 pela FPX.
O Esquema compõe-se de cerca de uma exposição de cerca de 45 minutos, seguido de igual período para debate com os assistentes, que serão entre 50 a 100 alunos Universitários.
O convite partiu do Dr. Jorge Oliveira, Director do Colégio Universitário Montes Claros

(http://www.montesclaros.pt/)




(Fotos da Conferência cedidas pelo Colégio Universitário Montes Claros)

I OPEN MUNDIAL DE LEON (26 a 28 de Dezembro)‏


ULTIMOS DIAS para apuntarse al I OPEN MUNDIAL DE LEON!!

Falta menos de 2 semanas para que dé comienzo el Abierto semirrápido con más premios en todo el mundo, además de contar con 10 figuras contrastadas.

Ivan Sokolov, Eugeny Bareev, dos jugadores de la elite mundial, y Anna Shlakich, campeona juvenil de Rusia, son las nuevas estrellas que participarán en el evento.

Se unen así a los Shirov, Korchnoi, Timman, Beliavsky, Portisch, Yussupow, Andersson...y algunos de los mejores jugadores españoles.

Los aficionados disponen de 15.000 euros en premios por tramos de ELO, con premios para jugadores de menos de 2350, menos de 2200, y menos de 2000, y para los jugadores Sub18 y Veteranos.

A pesar de que el día 23 es el último día para inscribirse, la organización establece desde hoy un tope de 75 plazas más para la inscripción, que serán cubiertas por riguroso orden de registro y transferencia bancaria.

www.openmundialdeleon.com o www.editorialchessy.com.

Después de cubrirse estas 75 plazas los siguientes registros no podrán ser atendidos. Igualmente los que deseen beneficiarse de los precios especiales de los hoteles que colaboran con la organización deberán hacerlo enseguida. En la web oficial del torneo tienen la información y teléfonos de los mismos, debiendo indicar que son participantes del Open.

Indicar que se retransmitirán 4 partidas a través de nuestro sitio oficial con un sistema de novedoso y sofisticado basado en tecnología flash, incluyendo cámaras que recogerán la atmósfera del torneo, y en el que los que estén viendo la partida interactúan, pudiendo chatear entre ellos.


Tfno de contacto 696 36 07 44

2008/11/28

Finais


Vamos procurar explicar, segundo a nossa experiência e o nosso conceito, aquilo que é mais importante de aprender para um jovem jogador.
A nossa experiência como “ pessoas do xadrez “, jogadores profissionais, treinadores, e sobretudo o que convivemos e conversámos com muitos colegas nossos de outros países ensinou-nos quais as prioridades.

Porquê os finais?
Os finais são a terceira e a última fase do jogo.
É difícil definir exactamente quando é que começa o final.
Porém existem factores temáticos que podem tentar definir “uma posição de final”.

1º Factor: O papel activo do rei . Enquanto no Meio-Jogo o rei deve estar protegido para evitar os ataques de mate, no final o rei passa a ser uma peça que intervém activamente no jogo e torna-se quase sempre indispensável para ajudar a concretizar a vitória.

A centralização do rei é um elemento quase sempre imprescindível nos finais.

2º Factor: A promoção do peão: Objectivo Estratégico mais importante em quase todos os finais.
Nos finais, para se atingir a vitória e dada a exiguidade de peças, para se ganhar a partida têm de se promover os peões.

3º Factor: É muito importante ter um Plano. Dando um exemplo muito elementar, não é possível dar mate de dama e rei sem a entre ajuda entre as duas peças.
Ou seja, nesse simples final aprendemos a “fazer uma equipa entre as duas peças que temos “.
Dessa forma, os finais ensinam-nos a trabalhar com cada uma das peças e a perceber a importância estratégica de no xadrez “Formarmos equipa “ entre as peças que temos sejam poucas ou muitas.

“Finais Teóricos” – Finais teóricos são finais de resultado conhecido, ou seja são posições em que a forma correcta de jogar é totalmente conhecida e única.
Por exemplo, aprendendo a dar mate de dama, é tão fácil um jovem iniciado dar mate de dama ao seu colega, como a Garry Kasparov. Se conhecer a técnica na perfeição, obviamente.
São muitos os “finais teóricos” e para um jogador profissional é impossível jogar em torneios internacionais sem conhecer essas técnicas na perfeição.
Porquê?
Primeiro para, chegando a essas posições, aplicar a técnica correcta em perfeita segurança e sem hesitações.
Isso permitir-lhe-á gastar menos tempo no relógio, e, saber que peças trocar para chegar a um final de “resultado conhecido”.
Para um jovem jogador, quanto mais cedo aprender os “finais teóricos”, mais rapidamente ganhará segurança para trocar peças e saber onde vai chegar.

“Finais Práticos” – Finais Práticos são posições em que nenhum conhecimento rigoroso pode ser aplicado, mas que exigem a utilização dos princípios gerais do jogo.

Ensinamos alguns “Finais teóricos “, mais simples mas que consideramos que um jovem jogador que queira ser um pouco mais do que simples campeão nacional da sua categoria ( e que por exemplo, se preocupe em ter um bom resultado numa prova internacional dessa mesma categoria ) deve conhecer desde já.
Por outro lado conhecemos por experiência que a maior parte dos monitores de xadrez do nosso país não se esforçam minimamente por conhecer estas técnicas.
Resultado, não conhecendo estas não as podem ensinar, e são os jovens que vão sair prejudicados.

O velho argumento de que não se chega ao final é simples ignorância e demonstra pouca vontade em trabalhar seriamente esta fase do jogo.
São milhares os exemplos de jovens e não jovens que chegaram ao final com posições ganhas e perderam e deixaram de ganhar campeonatos por não conhecer as posições onde estavam, ou por medo em lá chegar.

Método de Aprendizagem dos Finais teóricos

Como estudar os “Finais Teóricos”?
Primeiro estudar com rigor as técnicas ( se possível escrevendo para interiorizar melhor—Método Botvinnik );
Segundo, verificar a aprendizagem jogando a posição contra um colega ou contra o professor, de preferência com tempo no relógio simulando a situação de jogo real, para ver se aprendemos a técnica. Quando a aplicarmos automaticamente e sem hesitação, significa que ela foi apreendida correctamente.
Não pode nem deve existir pressa nem impaciência neste tipo de trabalho.

Analisando partidas comentadas dos melhores finalistas de todos os tempos:
Lasker, Capablanca, Rubinstein, Botvinnik, Smyslov, Karpov, Ulf Andersson , Kramnik etc.
Este trabalho deve ser feito cuidadosamente e depois de aprender “Os finais teóricos”.

Para terminar os finais estão cheios de truques tácticos e um bom monitor deve ter essa noção bem clara. Grande parte das posições mais bonitas do xadrez táctico e do problemismo está ligada aos finais.
É completamente impossível ser um jogador completo sem dominar os finais de partida.

2008/11/17

André Pinto, sagra-se campeão nacional



Quinze dias depois de se ter sagrado campeão de Lisboa de partidas semi-rápidas, o líder da classificação júnior do Circuito de Xadrez Oeiras 2008, André Pinto, conquistou o título máximo do escalão de Sub-18, nos Campeonatos Nacionais de Partidas Semi-Rápidas para os escalões jovens, que se disputaram em Peniche.
Um empate na primeira sessão contra Rafael Portela (A. C. Luís de Camões), a quem tinha ganho facilmente uma semana atrás na "Semana do Xadrez de Oeiras", deixava alguma preocupação nas hostes do jovem da Linha.
Contudo, tal não passou de um mau começo, já que, a partir daí, André Pinto foi implacável, destroçando toda a oposição com seis vitórias noutros tantos jogos, para terminar com um ponto de vantagem sobre os seus perseguidores e sagrar-se pela primeira vez e justamente, Campeão Nacional.
É o ponto mais alto da carreira de André Pinto, jovem carnaxidense iniciado nas lides xadrezísticas na Escola Vieira da Silva, com o professor Joaquim Saraiva, crescendo depois na modalidade acompanhado por Carlos Aguiar e presentemente apoiado pelo Mestre Internacional António Fróis.
Recorde-se que, Pinto é também líder crónico do Circuito de Xadrez de Oeiras que já venceu por quatro vezes- duas como júnior (2007 e 2006), outras tantas como juvenil 2005 e 2004), sendo já o virtual vencedor da edição deste ano, batendo largamente o recorde de pontos conquistados em qualquer escalão, nas dez edições do circuito.
Também na prova de sub-14 estiveram em destaque xadrezistas nossos conhecidos. João Meira, líder da classificação juvenil do Circuito de Xadrez Oeiras 2008, e o campeão de Lisboa do escalão, Luís Santos (Escola 31 de Janeiro) estiveram na luta pelo título até ao final, terminando ambos com seis pontos, apenas menos meio ponto que o novo campeão nacional, Luís Miguel Silva. Pela aplicação dos critérios de desempate, Meira classificou-se na segunda posição e Santos no quarto lugar.

2008/11/12

"Inteligência Emocional"

Num xadrezista em competição a questão do auto–controlo das emoções é muito importante. O xadrezista tem de ter uma consciência emocional forte que lhe permita reconhecer os seus estados de espírito e o impacto do seu nível de emoção durante a partida.
O xadrezista tem de revelar determinadas competências emocionais que o habilitam gerir emocionalmente as relações consigo mesmo com o adversário e com o facto de estar numa sala de torneio com muitas outras pessoas, ou seja jogar em público.

O Que é a Inteligência Emocional?

“Capacidade de reconhecer os nossos sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerirmos bem as emoções em nós e nas nossas relações“.

“Sem as emoções para nos orientar, o raciocínio não tem princípios, nem poder”.

As 5 Componentes da Inteligência Emocional

Auto - Conhecimento:
Definição: Capacidade de reconhecer e compreender estados de espírito, emoções, sentimentos, e compreender qual o efeito destes aspectos em si e nas outras pessoas e sobre as outras pessoas.
Características: Auto - confiança; capacidade de Auto - Avaliação e capacidade para rir de si mesmo .

Auto – Controlo:
Definição: Capacidade de controlar ou redireccionar impulsos e estados de espíritos perturbadores. Propensão a pensar antes de agir.
Características: Confiança e integridade; bem-estar na ambiguidade e mostrar abertura a mudanças.

Auto – Motivação:
Definição: Paixão pelo trabalho por motivos que não seja o status ou o dinheiro.
Propensão a perseguir os objectivos com energia e persistência.
Características: Forte impulso para alcançar objectivos; optimismo diante do fracasso; comprometimento com a evolução da carreira como xadrezista.

Empatia:
Definição - Capacidade de compreender a constituição emocional dos outros.Habilidade para tratar as pessoas de acordo com as suas reacções emocionais.
Capacidade para nos colocarmos no "lugar do outro ".
Características - Facilidade na aproximação e no estar com os outros;elevação da capacidade de compreensão e de sensibilidade para a consciência da importância do outro.

Sociabilidade:
Definição – Competência para gerir relacionamentos e afirmar laços com os outros;Capacidade de encontrar pontos em comum e cultivar afinidades.
Características - Eficácia para liderar a mudança ;mostrar persuasão; experiência em construir equipas de trabalho, geri-las, prepará-las e liderá-las.

Nota: As 3 primeiras são Competências Pessoais.

As 2 últimas são competências Sociais.

"Capacidade de reconhecer os nossos sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerirmos bem as nossas emoções em nós e nas nossas relações" Goleman,1998.

"Sem as emoções para nos orientar, o raciocínio não tem princípio nem poder". Robert C. Solomon

"Qualquer um pode zangar-se, isso é fácil. Mas zangar-se com a pessoa certa, na justa medida, no momento certo, pela razão certa e da maneira certa, isso não é fácil." Aristóteles.

2008/11/11

Xadrez – Curiosidades

Por alguma razão o Xadrez é um jogo muito esquecido em Portugal.
Um bom exemplo tive na minha própria família.
O meu pai era pianista e compositor de música, maestro, e sabia jogar às damas, era um razoável jogador de bilhar, mas não conhecia o xadrez.
A minha mãe, violinista, também não.
É interessante pensar que já na Idade Média, o padre Espanhol Ruy Lopez, que era de Zafra na Estremadura espanhola, conheceu e jogou partidas com o Português Damiano, um boticário de Odemira.
O rei Dom Sebastião jogava xadrez e existem partidas dele conhecidas.
Mais tarde o Campeão Mundial Alexander Alekhine faleceu no Estoril em 1946.
Porém, ao contrário dos espanhóis, nós nunca aproveitamos estas e outras raízes históricas, até porque se sabe que foram os Árabes que trouxeram o xadrez para a Europa.
O Xadrez pode ser ensinado a qualquer pessoa a partir dos dois anos e meio de idade até 80,90 anos, desde que as pessoas tenham vontade de aprender.

IMPORTANTE

Existe muita ignorância e insuficiente divulgação do jogo no nosso país.
Deve ser ensinado a pares para que as pessoas, depois de aprenderem o essencial (o movimento de cada peça e como se ganha o jogo), possam jogar.

O xadrez precisa apenas de um tabuleiro e das peças para ser jogado. Ou seja é baratíssimo. Por 10,12 Euros pode-se comprar um tabuleiro como os que são utilizados nas competições oficiais da Federação Portuguesa de Xadrez em Portugal.

Quanto dura uma partida de xadrez?

O tempo que os adversários quiserem que dure.
Ou seja, se os jogadores quiserem jogar em ritmo de “xadrez de café “( ou seja passar um pouco de tempo agradável a jogar com um amigo) a partida pode durar um ou dois minutos, se ambos quiserem jogar depressa, ou mais tempo, se ambos quiserem jogar mais devagar.

Não é verdade que o jogo de xadrez tenha de durar várias horas.

Introdução do Relógio de xadrez

No Xadrez, como em tudo na vida o relógio foi introduzido para estabelecer regras e evitar os trapaceiros.Até ao século XIX jogava-se sem relógio.
Acontece que algum jogador de “má fé “, quando estava prestes a perder a partida, não jogava mais com o falso argumento de que estava a pensar, e esse argumento estendia-se para mais infinito, ou seja, esse jogador nunca mais fazia a sua jogada para não assumir a derrota.

Então aparece a introdução do relógio.
Um relógio de xadrez é um mecanismo que tem dois relógios que funcionam separadamente.
Tem dois mostradores, um para o tempo de cada jogador.

Quando o primeiro jogador joga, acciona o relógio do outro jogador e vice-versa.

Ou seja, antes de começar a partida é estipulado o tempo que cada adversário tem para jogar todos os seus lances.
Esse tempo pode ser um minuto, 5 minutos, meia hora, uma hora, pode ser o tempo que os adversários acordarem que deve ser.
A partir daí, o jogador pode gastar o tempo que quiser numa jogada, mas não pode exceder o tempo total que tem para fazer a sua partida.
O relógio tem um sistema que indica quando cada jogador excede o seu tempo.
Assim sendo, o adversário apenas tem de indicar que o seu adversário perdeu por tempo.

Repito que o relógio não é necessário para jogar uma partida de xadrez, apenas serve para definir o tipo de competição de xadrez que se vai fazer.

1- Xadrez Relâmpago – Partidas de um minuto para cada adversário.
Este sistema é muito utilizado hoje dia na Internet e serve para dois jogadores se divertirem sem pensarem muito.

2- Xadrez Rápido – Partidas de 5 minutos para cada adversário.
Os jovens gostam muito de jogar este ritmo. Com 5 minutos já se pode jogar xadrez com bastante qualidade. Exemplos disso são os torneios de rápidas entre os melhores do Mundo, nos quais as partidas são depois publicadas e algumas delas são de grande qualidade técnica.

3- Xadrez Semi Rápido – Partida de 30 minutos para cada adversário.

Existem muitos torneios escolares neste ritmo.

Pode-se realizar todo um torneio apenas num dia, as partidas nunca duram mais de uma hora cada uma, e como o jogador tem de jogar relativamente rápido é muito atractivo para os espectadores.
Já dá para reflectir bastante mais do que as rápidas.

4- Xadrez lento ou Ritmo clássico.

Ritmo a definir pela organização e no qual as partidas têm de ser escritas pelos dois jogadores na anotação algébrica.
É no ritmo lento que a FIDE ( Federation Internationale des Echecs ) atribui os títulos vitalícios de Mestre FIDE, Mestre Internacional e Grande Mestre, equivalentes a doutoramentos, licenciaturas, etc , etc, é neste ritmo que se jogam a maior parte das competições entre jogadores profissionais, Campeonatos do Mundo e dos continentes , individuais e por países.

A Anotação Algébrica.

Esta é a anotação internacional e é muito fácil de ensinar a qualquer criança que conheça as 8 primeiras letras e os 8 primeiros algarismos.

Cada casa do tabuleiro tem um nome definido por uma letra e um algarismos.

Assim sendo, os algarismos definem as filas horizontais do tabuleiro chamadas “linhas”.

A linha número1 é a linha onde estão colocadas as peças brancas no início da partida.

A linha número 8 é a linha onde estão colocadas todas as peças pretas no início da partida.

A linha número 2 a linha é onde estão colocados os peões brancos no início da partida.

A linha número 7 é a linha onde estão colocados os peões pretos no início da partida.

As letras definem as filas verticais do tabuleiro chamadas “colunas “.
Como podem ver as peças estão colocadas de forma igual dos dois lados do tabuleiro.
A diferença é que existe uma dama dum lado e o rei do outro.

Assim sendo chamamos ala de dama às peças que estão ao lado da dama., e ala do rei às peças que estão do lado do rei.
Então a coluna A é a coluna onde estão colocadas as duas torres do lado da dama no início da partida.
A coluna H é a coluna onde estão colocadas as duas torres do lado do rei no início da partida.
A anotação algébrica faz-se indicando : a inicial da peça que se movimenta :T, C,B D, ou R ( nota : o peão não é considerado peça ) seguido do Nome da casa onde a peça estava, seguido do nome da casa para onde a peça fica.
Exemplo : Se a primeira jogada das brancas for o peão que está em frente ao rei duas casas, essa jogadas escrever-se- á da seguinte forma 1. e2-e4.

A anotação das partidas serve para elas ficarem registadas, e assim sendo se poderem fazer análises dos erros, e graças a isso se em feito a evolução técnica do jogo.

Existem ainda outras formas de xadrez:

Xadrez por Correspondência ou Xadrez por email

São partidas em que os adversários jogam em suas casas (podem defrontar-se adversários que vivam até em continentes diferentes ) e enviam as suas jogadas aos seus adversários. Dantes era por carta , agora é por carta ou por imail.

Xadrez às Cegas

Esta forma de Xadrez deve ser bem explicada: Muita Atenção.
Os jogadores anunciam as jogadas na linguagem algébrica mas eles não têm tabuleiro, ou seja, têm o tabuleiro dominado no seu próprio cérebro.
Isto é muito mais fácil de fazer do que parece, e mais uma vez um professor pode ensinar qualquer criança a partir dos 5, 6 anos desde que conheça as letras e os números, a dominar o tabuleiro sem o ver.
Numa explicação rápida , se por exemplo, a casa a1 é de cor preta , de que cor será a casa a2 ? branca obviamente.
Este é o raciocínio de base que levará uma pessoa de inteligência absolutamente normal a dominar com alguns Exercícios adequados todas as casas do tabuleiro.

Simultânea de Xadrez

Esta é uma sessão de divulgação do jogo em que um mestre joga contra 20, 30, 40 , 50 adversários ao mesmo tempo, por exemplo numa praça pública e permite uma óptima divulgação do jogo.

Xadrez ao VIVO (ou Xadrez Humano)

Esta é outra faceta do jogo, muito adequada e ligada a outras actividades.
Pode-se fazer por exemplo num centro comercial.
Consiste em fazer uma partida com um tabuleiro gigante em que de cada lado estão 16 seres humanos representando cada uma das peças brancas e pretas.

Cada jogada é anunciada ao microfone pelos dois jogadores que estão de facto a fazer a partida, e é efectuada seguidamente no tabuleiro pela peça ( ser humano) que faz esse movimento.
È muito engraçado e adequado fazer esta demonstração por exemplo com as peças (podem ser judocas ou karatecas ) fardados de peões , cavalos ,bispos , torres , damas e reis.
Cada movimento por exemplo será acompanhado por um golpe de judo ou karaté em que a “peça capturada” perde a pequena luta e em seguida sai do tabuleiro.

Xadrez Gigante

São jogos enormes que servem para estarem expostos num local público. As crianças ou adultos que passam podem fazer um jogo com essas peças que pelo seu tamanho ( são jogos que se vêem muito ao longe, e são muito apelativos.

Para terminar, o que pretendo explicar, é que o xadrez pode ser muitas coisas diferentes:

- Xadrez Profissional de Alta Competição

Jogado entre profissionais e exige naturalmente um grande trabalho técnico de anos e anos, e também preparação física e psicológica de alto nível para enfrentar todas as adversidades da competição, sobretudo quando ela se torna num trabalho de todos os dias.
Por exemplo, muitos médicos desconhecem que a variação da tensão arterial é muito elevada durante as 4 , 5 horas de uma partida de torneio, e que os pessoas com problemas cardíacos não devem praticar xadrez de alta competição.

- Xadrez de Café

Pode servir também para simples diversão, entretenimento.

- Xadrez Ferramenta Pedagógica

O xadrez ajuda uma criança a aprender a tomar decisões, a concentrar-se, a um melhor raciocínio lógico e geométrico, a reflectir sobre situações objectivas e subjectivas, ou seja ajuda muito a melhorar o rendimento escolar.

- Xadrez na Terceira Idade ou em situações de Isolamento

O xadrez ajuda na Prevenção da Doença de Alzheimer, e também pode ajudar a combater a solidão dos presos nas cadeias, ou no entretenimento das pessoas de idade.

Existe ainda uma filatelia e coleccionismo completíssimos sobre xadrez.

PS: Qualquer dos temas de que falei tem naturalmente um desenvolvimento muito mais amplo.Estes temas são tão vastos que exigem que a sua explicação e divulgação sejam feitas por profissionais que conheçam a fundo cada uma das diversas facetas deste jogo milenar.


António Fróis Mestre Internacional de Xadrez

Amadora, 22 de Outubro de 2007

2008/10/14

«Técnicas e Estratégias de Xadrez»




Os mestres internacionais Sérgio Rocha e António Fróis, autores do livro «Técnicas e Estratégias de Xadrez», falam desta obra lançada recentemente. O trabalho já estava pronto em Fevereiro de 2007.
Sérgio Rocha e António Fróis aceitaram o desafio do 16x16 e colocam em evidência as razões que os levaram a avançar com um livro que as editoras tradicionais não quiseram publicar. A obra, concluída no passado ano, já está disponível mercê do apoio do PDX do Barreiro.




Sérgio Rocha: «Um livro destinado a todo o tipo de jogadores»

«Técnicas e Estratégias de Xadrez» é um livro destinado a que tipo de jogadores?É um livro destinado a todo o tipo de jogadores, dado que abrange um leque variado de conceitos que mesmo alguns dos jogadores mais experientes ainda não conhecem.
Fazia falta uma obra com estas características? Porquê?Na minha opinião faz falta qualquer obra escrita em português, dado que existe uma lacuna enorme nesta área. Após a publicação do «Xadrez Mágico» e do «Xeque Mate», pensei em dar o passo seguinte e facultar à comunidade xadrezística - ou a qualquer curioso da modalidade - mais uma publicação onde fosse possível transmitir mais alguns conhecimentos de xadrez, daí esta parceria com o Fróis.De referir que esta obra está pronta desde Fevereiro de 2007, mas dadas todas as recusas em publicar das editoras tradicionais só agora foi possível publicá-la numa edição própria com o apoio do PDX do Barreiro.Durante este mês de Outubro conto ainda publicar a minha obra mais recente que são os «Cadernos de Xadrez», onde o primeiro número será dedicado aos finais de peões.
O xadrezista português pratica a modalidade com pouca técnica e estratégia?A grande parte dos xadrezistas nacionais praticam a modalidade por paixão, mas efectivamente com grandes lacunas técnicas e estratégicas principalmente ao nível dos finais de jogo.
O estudo do xadrez com auxílio a computadores e à Internet coloca hoje em dia para segundo plano a leitura de livros especializados?Efectivamente a facilidade da prática da modalidade através dos computadores e da Internet está a levar para segundo plano os livros, mas na minha opinião isso é um mal social, não só do xadrez. É muito fácil constatarmos que as novas gerações de miúdos são gerações preguiçosas, onde em regra geral tem tudo facilitado e o xadrez requer muito trabalho de investigação e aprofundamento. Obviamente que em termos de aprendizagem de qualquer matéria ou disciplina a utilização dos livros é indispensável e no xadrez isso é evidente dado que se um jogador manusear um livro e observar as partidas simultaneamente num tabuleiro ele está a usar vários dos sentidos e é sabido cientificamente que isso melhora a qualidade da aprendizagem.


António Fróis: «Tudo em xadrez se pode aprender como na escola»


«Técnicas e Estratégias de Xadrez» é um livro destinado a que tipo de jogadores?É um livro para jogadores que acabaram de aprender a movimentar as peças e necessitam de começar a aprender algumas técnicas para não se tornarem apenas «jogadores de café». Pretendemos indicar o caminho e as prioridades na velha pergunta «o que se deve estudar primeiro» , ou «como se estuda xadrez» .Em Portugal - como disse o mestre internacional Fernando Silva há muito tempo - abunda o talento, mas falta escola.É curioso constatar que António Antunes, o português que chegou mais longe no xadrez até hoje, não era um jogador muito talentoso, mas sempre foi um exemplo de trabalho e persistência, aliás como o nosso luso-canadiano Kevin Spraggett, outro grande profissional de xadrez.
Temos de tentar tornar o nosso xadrez português mais sério e científico.Os cursos de treinador de «grau 1» que vão ser feitos em Dezembro próximo são outro passo no mesmo sentido.
Fazia falta uma obra com estas características? Porquê?Penso que escasseiam as obras em língua portuguesa e escasseiam ainda mais as obras de autores portugueses, daí o nosso atrevimento.Por outro lado, ao viajar pelo país ao longo destes 32 anos de xadrez e 24 de profissional muita gente me perguntava para quando um livro.Devo agradecer ao Sérgio a iniciativa. Foi ele que me incentivou a escrever.Este é um país muito estranho. Terminamos o livro em Fevereiro de 2007 e só agora conseguimos que o publicassem.
O xadrezista português pratica a modalidade com pouca técnica e estratégia?Em Portugal ensinou-se muito a movimentar as peças, mas ficou-se por aí.É preciso formar treinadores e ensinar xadrez: ensinar a ensinar, e ensinar técnicas.Tudo em xadrez se pode aprender como na escola, ou seja por temas e matérias.Este livro pretende ser uma pequena achega, mas Portugal tem um grande atraso nessa matéria.
O estudo do xadrez com auxílio a computadores e à Internet coloca hoje em dia para segundo plano a leitura de livros especializados?A resposta é fácil.Na aprendizagem de qualquer tema quanto mais sentidos do corpo humano utilizamos, mais e melhor interiorizamos desse mesmo tema.Isto está cientificamente comprovado.Assim sendo, se um jovem passar uma partida no computador, a sua interacção com a matéria será muito menor do que esse mesmo jovem colocar as peças e vir a mesma partida com um livro. Logo aprenderá mais vendo a partida no livro do que a vendo no computador. A sua interacção ainda será maior se se der ao trabalho de escrever sobre a partida que acabou de ver e se discutir essa mesma partida com outros jovens ou com o seu treinador.Por isso, quem quiser ver as coisas à pressa no computador terá seguramente resultados inferiores a quem continuar a ler os livros e a trabalhar sobre eles.


Texto: Fernando Pinho
Foto: D.R.
Data: 2008-10-10